Direito Condominial e REURB: Impactos na Cobrança de Cotas, Convenções e Gestão
- Edson Ferreira
- há 1 dia
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A Regularização Fundiária Urbana (REURB) não apenas transforma posse em propriedade formal, mas também repercute de forma direta no direito condominial. Prédios, loteamentos e condomínios irregulares enfrentam enormes dificuldades para cobrar cotas, registrar convenções e exercer uma gestão efetiva.
Com a emissão da Certidão de Regularização Fundiária (CRF) e a abertura de matrículas individualizadas, essas limitações desaparecem, permitindo ao condomínio exercer seus direitos de forma plena.
1. Condomínios Irregulares: Os Problemas Atuais
1.1. Ausência de matrícula individualizada
· Sem matrícula, não há proprietário formal;
· As cobranças de cotas ficam frágeis, muitas vezes baseadas apenas em contratos particulares ou atas internas.
1.2. Insegurança na convenção condominial
· Convenções não registradas no Cartório de Registro de Imóveis carecem de eficácia erga omnes;
· Decisões assembleares podem ser questionadas em juízo.
1.3. Gestão fragilizada
· Síndicos e administradores atuam sem respaldo formal;
· Obrigações fiscais e trabalhistas do condomínio ficam comprometidas.
Exemplo prático: em um prédio sem regularização, moradores inadimplentes deixam de pagar cotas alegando inexistência jurídica do condomínio.
2. O Papel da REURB no Direito Condominial
2.1. Abertura de matrículas individualizadas
· Cada unidade passa a ter matrícula própria;
· Proprietários se tornam responsáveis formais pelas obrigações condominiais.
2.2. Registro da convenção condominial
· A convenção pode ser levada ao Registro de Imóveis após a REURB;
· Ganha eficácia erga omnes, vinculando todos os condôminos.
2.3. Fortalecimento da cobrança de cotas
· Cotas passam a ser obrigações propter rem (ligadas ao imóvel), com base no art. 1.345 do Código Civil;
· Inadimplência pode ser cobrada judicialmente por ação de cobrança ou execução, com possibilidade de penhora da própria unidade.
3. Efeitos Práticos da Regularização
3.1. Gestão administrativa
· Síndicos passam a ter respaldo legal para administrar;
· O condomínio pode contratar serviços e abrir CNPJ com segurança.
3.2. Gestão financeira
· Cobrança judicial contra inadimplentes passa a ser plenamente viável;
· Possibilidade de acesso a crédito condominial (empréstimos para obras coletivas).
3.3. Valorização patrimonial coletiva
· Regularização aumenta o valor de mercado das unidades;
· O condomínio ganha força institucional, inclusive em negociações com bancos e seguradoras.
4. Desafios e Cuidados
Apesar dos avanços, alguns pontos exigem atenção:
· Rateio dos custos da REURB: moradores devem estar cientes da responsabilidade solidária;
· Atualização da convenção: muitas convenções precisarão ser readequadas após a regularização;
· Gestão transparente: assembleias devem documentar decisões para evitar judicialização.
Conclusão
A REURB é também um instrumento de fortalecimento do direito condominial.Ao abrir matrículas individualizadas, viabilizar o registro da convenção e permitir a cobrança judicial de cotas, ela transforma um agrupamento irregular em um condomínio plenamente funcional e juridicamente reconhecido.
Mais que uma formalidade, a REURB é um passo essencial para que condomínios e associações tenham gestão sólida, cobrança efetiva e valorização patrimonial coletiva.


