Custos Ocultos da REURB: Obras, Compensações e Surpresas no Orçamento
- Edson Ferreira
- há 3 dias
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A Regularização Fundiária Urbana (REURB) é frequentemente vista pelos moradores e investidores como um procedimento meramente burocrático: elaborar uma planta, aprovar na Prefeitura e registrar no cartório.
No entanto, a prática mostra que os custos da REURB vão além das taxas administrativas e dos honorários advocatícios. Existem custos ocultos, muitas vezes imprevisíveis, que podem impactar significativamente o orçamento da coletividade.
Neste artigo, analisamos esses custos, por que eles surgem e como devem ser planejados para evitar surpresas desagradáveis no decorrer do processo.
1. Custos Administrativos Diretos
São aqueles previstos desde o início:
· Taxas municipais (análise de projetos, aprovação de planta, ITBI, ISS incidentais);
· Emolumentos cartorários (registro da CRF, abertura de matrículas individualizadas);
· Honorários advocatícios e técnicos (engenheiros, topógrafos, arquitetos).
Esses custos são esperados e, em geral, rateados entre os condôminos ou moradores.
2. Custos Ocultos na Infraestrutura
A legislação de regularização exige o atendimento a parâmetros mínimos de urbanização e segurança. Isso pode gerar gastos adicionais como:
· Instalação ou reforço de redes de água, esgoto e energia elétrica;
· Obras de drenagem pluvial;
· Pavimentação mínima de vias internas;
· Implantação de acessibilidade em prédios e áreas comuns.
Exemplo prático: um prédio sem hidrantes ou sem escadas de emergência pode ter de realizar obras antes da emissão da CRF.
3. Custos com Segurança Coletiva
O Corpo de Bombeiros exige a obtenção do Auto de Vistoria (AVCB). Muitas vezes, isso demanda:
· Instalação de sistemas de alarme e sprinklers;
· Sinalização e iluminação de emergência;
· Reformas estruturais para rotas de fuga.
Esses custos não raramente superam as expectativas iniciais e são indispensáveis para garantir a segurança dos ocupantes.
4. Custos Ambientais e Compensatórios
Em determinados casos, o processo de REURB pode envolver exigências ambientais, como:
· Estudos de impacto ambiental;
· Compensações por supressão de vegetação;
· Implantação de áreas verdes ou equipamentos comunitários.
Exemplo: loteamento construído próximo a área de proteção ambiental pode ser obrigado a compensar com reflorestamento ou preservação de área contígua.
5. Custos de Adequação Patrimonial e Fiscal
A regularização pode gerar reflexos patrimoniais e tributários:
· Recolhimento retroativo de IPTU;
· Atualização de valor venal do imóvel;
· Eventual cobrança de contribuição de melhoria em razão de obras públicas relacionadas.
6. Planejamento Financeiro e Gestão dos Custos Ocultos
Para evitar surpresas, recomenda-se:
· Levantamento prévio por engenheiro e advogado sobre exigências prováveis;
· Assembleia de moradores para deliberar sobre fundo de reserva específico para obras;
· Contratos claros que deixem honorários técnicos e custas administrativas fora do escopo da advocacia.
Conclusão
A REURB não é apenas um procedimento cartorial: é um projeto multidisciplinar, que pode envolver obras, adequações de segurança, compensações ambientais e impactos tributários.Esses custos ocultos precisam ser previstos e comunicados desde o início, sob pena de inviabilizar o processo ou gerar conflitos entre condôminos.
Em síntese: regularizar um prédio ou loteamento é investir na segurança, na valorização patrimonial e na estabilidade jurídica — mas exige planejamento financeiro realista e transparente.


