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Offshore: O que Torna Ilegal? Entre o Planejamento Lícito e a Suspeita de Fraude

  • Foto do escritor: Edson Ferreira
    Edson Ferreira
  • 4 de nov.
  • 3 min de leitura
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As offshores são ferramentas legítimas do direito internacional, mas mundialmente conhecidas por seu uso frequente em esquemas de evasão fiscal, ocultação de patrimônio, corrupção e lavagem de dinheiro. Este artigo analisa, sob o ponto de vista técnico e jurídico, quando a offshore se torna ilegal, por que seu nome carrega conotação negativa globalmente, e como separar o uso lícito do uso fraudulento, de forma objetiva e embasada na legislação brasileira e internacional.


1. O Que é uma Offshore — E por que é Mal Vista?

Uma offshore é uma empresa constituída fora do país de residência dos seus controladores, geralmente em jurisdições com baixa ou nenhuma tributação e forte proteção ao sigilo bancário e societário. Exemplos: Ilhas Virgens Britânicas, Panamá, Belize, Seychelles, etc.


Apesar de legalmente possível, seu uso é constantemente associado a práticas ilegais, por causa de:


·         Escândalos internacionais (Panama Papers, Pandora Papers, SwissLeaks);

·         Relevância em esquemas de lavagem de dinheiro;

·         Utilização por políticos, empresários e organizações para ocultar bens de origem ilícita;

·         Dificuldade de rastreio e fiscalização.


Resultado: falou-se em offshore, pensou-se em fraude. Mas não deveria ser sempre assim.


2. Quando uma Offshore é Ilegal?

A offshore em si não é proibida no Brasil, mas se torna ilegal quando é usada para:


a) Evasão Fiscal (Ocultação de Renda ou Ativos)

·         Não declarar os ativos da offshore no IRPF;

·         Omitir lucros no exterior ou mascarar origem de recursos;

·         Utilizar "laranjas" ou interpostas pessoas para camuflar o verdadeiro beneficiário final.


b) Fraude Contra Credores

·         Transferir bens para uma offshore com o intuito de escapar de execuções judiciais ou ocultar patrimônio de herdeiros, cônjuges, credores ou sócios.


c) Lavagem de Dinheiro e Corrupção

·         Receber propina ou valores ilícitos por meio de contas no exterior com titularidade de offshores;

·         Circular dinheiro por empresas fictícias ou sem atividade real.


d) Simulação e Interposição Fraudulenta

·         Criar uma offshore para disfarçar o verdadeiro controlador e dificultar a responsabilização judicial ou fiscal.

3. O Que Diferencia a Offshore Legal da Ilegal?

Elemento

Offshore Lícita

Offshore Ilícita

Declaração Fiscal

Ativos e lucros declarados à Receita Federal (DIRPF/DCBE)

Ativos ocultados ou declarados com falsidade

Finalidade Econômica

Planejamento patrimonial, sucessório ou de investimento

Ocultação patrimonial, blindagem abusiva, lavagem de dinheiro

Transparência Contábil

Escrituração e controle financeiro adequados

Falta de contabilidade ou documentos forjados

Beneficiário Final Identificado

Identificação real dos sócios e controle efetivo

Uso de laranjas ou empresas de fachada

Compliance Bancário

Conta bancária com origem comprovada e análise de KYC

Contas abertas com documentação falsa ou sob investigação

4. Reações Internacionais: O Combate ao Uso Indevido

Organismos internacionais como OCDE, GAFI e FMI vêm combatendo o uso irregular de offshores por meio de:


·         Troca automática de informações bancárias entre países;

·         Lista de jurisdições não cooperantes ("paraísos fiscais");

·         Acordos de prevenção à lavagem de dinheiro;

·         Pressão para revelação de beneficiários finais.


No Brasil, a Receita Federal exige a declaração dos ativos no exterior (Instrução Normativa RFB nº 1.527/14), além da nova tributação automática dos lucros de offshores a partir de 2024 (Lei 14.754/2023).


5. Conclusão: A Legalidade Depende da Finalidade e da Transparência

A offshore é um instrumento neutro do ponto de vista jurídico: pode ser usada para fins legais ou ilegais. Tudo dependerá da:


·         Origem dos recursos;

·         Transparência da operação;

·         Declaração fiscal correta;

·         Finalidade econômica real;

·         Não utilização como escudo contra credores ou a Justiça.


Portanto, não se deve demonizar a estrutura offshore por si só, mas é necessário rigor jurídico e contábil para garantir que ela seja utilizada como mecanismo legítimo de planejamento patrimonial internacional — e não como meio de burlar o ordenamento jurídico.

 
 
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